sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Excerto do Livro "Chega-te a mim e deixa-te estar"



Parece-me ,antes,que amar é reconhecer
Reconhecer ,no sentido de quem conhece duas vezes.Por fora .E por dentro.

Reconhecer como forma de nos reconhecermos,insaciavelmente,em alguém que faz parte de nós.
Reconhecer como estranheza que se esclarece,sempre que alguém precioso nos reconhece,mesmo quando não sabemos quem somos.
E reconhecer de gratidão.Pelos gestos de reconhecimento que se trocam quando se ama.
Reconhecermos-nos em alguém...desabafa-nos.Isto é,aliviai a angústia de estarmos abafados nas dúvidas com que se constrói a nossa solidão.
E de cada vez que alguém se reconhece em nós...transforma-nos.Olha para além de nós ;olha por nós.
Sem que com isso sobreponha o seu olhar ao nosso.
Talvez amar seja,relamente ,reconhecer.E será por isso que,quando olhamos para o nosso coração,nos doa sempre um bocadinho.Porque talvez sobrem as pessoas que olham para nós,e nos achem complicados...Com o tempo ,parecem tornar-se quase nenhumas são as pessoas que olham por nós ....e nós reconhecem.
As miragens são todas aquelas pessoas que,sempre que as imaginávamos capazes de nos tornarem mais simples e compreensíveis ,nos decepionam.É por isso que as miragens nunca acontecem por influência da luz do sol,quando o olhos de frente .Só muito tarde descobrimos que as miragens nascem e crescem presas às pessoas que,em vez de janelas de simplicidade ,criam labirintos no nosso coração.E nos levam a reparar,sempre que olhamos para trás,que em vez de transparência surge opacidade.
Uma miragem é tudo aquilo que,no lugar de pessoas luminosas,cresce sob a forma de vultos,de penumbras ,e com insustentável sentimento de estranheza.Porque,com a ilusão de haver quem nos conheça ,as miragens dão-nos quase tudo o que nos faz falta.Menos o que só o amor e o reconhecimento transformam numa janela de simplicidade.

1 comentário: